Sentindo os últimos dias,
aquele velho pressentia
seus momentos derradeiro.
Demonstrando alegria
usa um resto de energia,
levanta e sai no terreiro.
Encostado no portal
pede a um neto pra escutar
este seu ultimo pedido.
Não sei se resisto a tanto,
quero despedir dos campos.
Me leve enquanto estou vivo.
Talvez, numa cena rara,
eu vejo um bando de araras
voando em busca de abrigo.
Quero cruzar o espigão,
tomar chuva, ouvir trovão,
Me sentir surpreendido.
E lá pelas cabeceiras,
numa estrada boiadeira
encontrar tropa e peão.
Ver nas mãos de um berranteiro
um berrante em desespero
chamando minha atenção.
Passar pelo caminho fundo
onde a estrada de meu mundo
se afunila sobre mim.
Ver meu cavalo, o Valente,
solto no pasto contente
entre as moitas de capim.
Neste meu último afinco
talvez ouço seu relincho
se despedindo de mim.
E lá no alto do campo,
com os olhos banhado em pranto
em sinal de gratidão,
quem sabe ainda posso ver
uma copada de ipê
soltando flores no chão.
Quero ouvir potro e garrote
cruzar a ponte a galope,
e os gritos dos tropeiros.
Em meu ultimo arroubo,
quando o sol por trás do morro
despedir desse campeiro,
vou pisar descalço na areia,
sentir o pulsar das veias
desse velho cerradeiro.
domingo, 16 de dezembro de 2007
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4 comentários:
Gosto dos seus versos bem brasileiros com termos que me obrigam a ir ao dicionário ver o significado. O progresso, o av anço da civilização está a destruir as nossas raízes embora por cá, também, se vá tentando de uma maneira ou de outra presevar as coisas boas da nossa gente.
Tenha um bom Natal.
Muito bonito o "ùltimo cerradeiro".
É muito bom saber que existe pessoas com a sensibilidade do Lázaro Carneiro.
Poeta e escritor, não esquece suas raízes e apesar de regional, suas idéias são universais, porque coloca em primeiro plano a luta por uma sociedade melhor.
Um grande abraço e fiquei muito feliz em conhecer seu trabalho.
Cassiano Macedo.
Programa Encontro DX
Rádio Aparecida
Prezado Sr. Lázaro,
Meu nome é José Salles Neto. Estou planejando fazer um livro com sonetos brasileiros sobre bichos (brasileiros) e gostaria de ter a sua autorização para incluir o SONETO AO TAMANDUÁ, que vi aqui na INTERNET. O livro é distribuído para um grupo fechado de pessoas e não é vendido nas livrarias. Ainda é um planejamento, mas para tal preciso ter a autorização dos autores. Por favor, aguardo sua resposta. Meu e-mail é sallesneto@terra.com.br, moro em Brasília e meu telefone é 61 3577-3224. Agradeço desde já a sua atenção. Cordialmente. José Salles Neto. Em tempo: gostei muito do seu blog e das coisas que o Sr. escreve.
Prezado Sr. Lázaro,
Meu nome é José Salles Neto. Estou planejando fazer um livro com sonetos brasileiros sobre bichos (brasileiros) e gostaria de ter a sua autorização para incluir o SONETO AO TAMANDUÁ, que vi aqui na INTERNET. O livro é distribuído para um grupo fechado de pessoas e não é vendido nas livrarias. Ainda é um planejamento, mas para tal preciso ter a autorização dos autores. Por favor, aguardo sua resposta. Meu e-mail é sallesneto@terra.com.br, moro em Brasília e meu telefone é 61 3577-3224. Agradeço desde já a sua atenção. Cordialmente. José Salles Neto. Em tempo: gostei muito do seu blog e das coisas que o Sr. escreve.
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