terça-feira, 5 de agosto de 2008

Da claustrofobia

Sei que falta muito tempo
para esse fato acontecer,
mas quero deixar um recado
para o dia em que eu morrer.
Quem for me visitar,
chegue perto do caixão,
se quiser pode chorar
ou fazer uma oração.
Faça tudo com paciência,
de acordo com sua crença,
para aliviar o coração.

Enquanto as pessoas rezam,
gestos calmos, caras sérias,
algo vai se processando:
micróbios e bactérias
aos poucos me devorando.

Terá choro, reza e riso
pra disfarçar as tristezas,
enquanto em cima da mesa
eu aguardo sussegado,
esperando a gentileza
dos presentes convidados
para que me dêem uma mão,
peguem a alça do caixão
para que eu possa ser enterrado.

Aqui fica meu apelo
aos que forem em meu velório:
não preciso de homenagem,
discursos ou falatórios.
Examinem se eu morri
ou é apenas um imbróglio,
pois sofro calustrofobia
que é um problema especial.
Respeitem esse meu pedido,
pois se me enterram vivo
com certeza eu paso mal.

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