Esgueirando-me entre capins e transpondo sebes imagináveis, toco o solo com as mãos, com a intimidade de um filho que toca o corpo da própria mãe. Sinto-me abraçado como se eu fosse o filho pródigo. Não cobro nada deste solo, basta-me tocá-lo para me sentir feliz.
Já foste meu brinquedo quando fui criança, serás meu refúgio onde me apascentarei. Abrigo aconchegante que servirás de enlevo quando a inexorável cronologia me fizer ancião. Terei como testemunhas de meus dias o ininterrupto correr das águas de dois regatos, um a minha esquerda, outro à direita, os quais, mais que fonte de água fresca, me servirão de guardiões. Serão eles que levarão minhas lágrimas se algum dia eu chorar. Também será ali que banharei meu corpo fadigoso numa tarde quente, após um dia de cumplicidade com a dadivosa terra que lhe empresta os barrancos para ordenar seus cursos.
Despertar-me-ei com o zinir de cigarras e, flamejante como um espartano, empunharei o mastro do lábaro da vida até que este seu filho seja devolvido a suas entranhas.
CENA BAURUENSE
Há 6 horas
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